Oi, tudo bem?
O Lambrequim desta quinzena vem mais uma vez te convidar a editar livros. Eis o que preparamos para a edição 206 do nosso quinzenário incidental:
🍂 Um convite para a segunda turma da Oficina de Editoração (presencial e gratuita!);
🍂 Um levantamento sobre como o YouTube já substituiu os canais tradicionais de TV;
🍂 Uma seleção de links para você conhecer um quebra-cabeça que reduz o enjoo, pesquisar citações de filmes & explorar a história dos videogames;
🍂 E uma cisma sobre calcular a passagem do tempo por ciclos circadianos e cheiros.
É isso! Compartilhe o Lambrequim com seus amigos e boa leitura!
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PROJETOS DO LADO DE CÁ
Oficina de editoração para pequenas editoras: turma II (presencial e gratuita!)
por
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✨ O que é?
Uma oficina gratuita para quem quer aprender ou se aprofundar no universo da produção de livros impressos e digitais. Vamos falar sobre como abrir sua editora, criar projetos, fazer a diagramação, criar capas incríveis e até planejar como divulgar suas publicações — tudo isso com um passo a passo prático e direto ao ponto.
✨ Quem pode participar?
Qualquer pessoa a partir de 18 anos interessada em trabalhar com livros, seja quem está começando agora ou quem já tem experiência e quer aprender mais.
Reservamos 10 vagas para: pessoas negras, indígenas, LGBTQIA+, PcDs e idosos.
Também reservamos 5 vagas para funcionárias e funcionários da FCC.
✨ Quando vai rolar?
De 28 de junho a 30 de agosto, sendo 10 encontros semanais, de 2h30 de duração cada
Nossos encontros acontecerão aos sábados, das 14h às 16h30
✨ Onde vai ser?
Na Casa da Leitura Hilda Hilst.
Endereço: R. Nivaldo Braga, s/nº, esquina com Av. Prefeito Mauricio Fruet – 1º andar, sala 11 A - Capão da Imbuia (Rua da Cidadania do Cajuru)
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✨ Como vai funcionar?
A oficina mistura teoria e prática. Além das explicações, você vai colocar a mão na massa com exercícios e atividades. No final, vai sair preparada/o para começar sua própria editora ou levar seus projetos ao próximo nível.
✨ Quem vai ministrar?
A oficina será conduzida por Mylle Pampuch (@myllepampuch), escritora e produtora cultural com mais de 10 anos de experiência. Ela entende de todas as etapas da produção de um livro e vai compartilhar dicas práticas e muita vivência com você. Visite o site da Edições Tempora, sua editora independente, para conhecer mais sobre seu trabalho.
📌 ATENÇÃO! Temos apenas 30 vagas para a oficina. Faça sua inscrição agora 😉
NERES DE NERES
O YouTube se consolida como a nova TV
por
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Um dado surpreendente revela que mais de 1 bilhão de horas de conteúdo do YouTube são assistidas diariamente em TVs, superando até mesmo o uso em dispositivos móveis.
Segundo o CEO da plataforma, Neal Mohan, as TVs tornaram-se o dispositivo principal no mercado dos EUA para consumo de conteúdo, incluindo podcasts, transmissões ao vivo, YouTube Shorts e programação de TV paga, com mais de 8 milhões de assinantes do YouTube TV.
A ascensão do YouTube como “nova TV” está ligada à pandemia, quando a tendência de assistir na TV cresceu e se manteve.
A plataforma lidera agora o tempo de exibição nos EUA, graças a um algoritmo personalizado, sob demanda.
O YouTube TV oferece uma ampla variedade de conteúdos, desde eventos culturais (eleições, esportes, festivais) até produções de criadores que competem com formatos tradicionais, como talk shows e longas-metragens.
Para reforçar sua posição, a empresa tem aprimorado seu aplicativo de TV, adicionando funcionalidades como navegação simplificada e recursos que alavancam sua dupla natureza de vídeo e mídia social
A empresa também expandiu ferramentas para criadores, incluindo dublagem automática em múltiplos idiomas, monetização de podcasts e IA para sugestões de vídeos e miniaturas.
A concorrência com a Netflix é evidente: o YouTube já ultrapassou o serviço de streaming em audiência e está explorando novos formatos, como anúncios de pausa e experiências de “segunda tela”, onde usuários interagem com vídeos na TV por meio de seus celulares.
Enquanto isso, a Netflix busca parcerias com podcasters, mas enfrenta a mesma realidade: o YouTube é a plataforma mais usada para podcasts nos EUA.
NUM UPA!
⚡ Um curta em stop-motion sobre uma mulher enfrentando um tornado.
⚡ Quebra-cabeças espaciais projetados para reduzir o enjoo.
⚡ Pesquise por citação de filme.
⚡ Arquivos online da Video Game History Foundation.
CISMAS
Cheirar o tempo
por

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O tempo tem a característica volátil de ser passageiro. Volátil porque, apesar da inegável passagem, ele não passa igual para todos os seres — e para o mesmo ser, nunca igual em todos os momentos. Assim como sua passagem, é inegável também seu esgotamento. Conclusões nos confortam: exceto a que culmina no ponto final.
Vendemos nosso tempo ou o entregamos de bandeja. Preciso de um tempo pra mim. Preciso de tempo pra pensar. A arte leva tempo para ser feita, assim como tudo leva o tempo que precisar. No jogo de rotação e translação da Terra, somos expectadores participativos do teatro que o Sol e a Lua nos colocam para atuar. Nossos cérebros adaptáveis se iludem em um tempo que se dilui e sobra: temos todo o tempo do mundo. Mas é o mundo que tem todo o nosso tempo.
Os cães cheiram o tempo. É pelo olfato que eles sabem há quanto tempo seus tutores estão longe, e quando determinados eventos se aproximam. Também medem o tempo pela luz e pelos sons, mas o cheiro é o principal guia, junto com o ciclo circadiano. Regulados pelo instinto, o tempo para eles é uma preciosidade sem passado nem futuro: apenas o infinito agora.
A presença é medida por moléculas olfativas, e as horas calculadas através da rotina. Dependendo do que e como se faz, é hora de. Um jeito de falar, os sons da casa, um trocar de roupa, um carinho. O tempo para os cães é como deveria ser para nós: pura expressão de existência — e, talvez por isso, o tempo deles seja tão curto: porque existir demanda todo tempo disponível.
Vender o tempo é socialmente aceito. Todos os adultos que não nasceram herdeiros já se venderam alguma vez na vida — e possivelmente vendam suas vidas inteiras. É preciso viver, sustentar, pagar, conquistar, mostrar: todas motivações válidas em seus contextos. Mas também vendemos valores, sonhos, saúde, escolhas. Vendemos até nossa personalidade se o salário compensar (e se não compensar também). Vendemos quem somos para comprar uma versão daquilo que esperam de nós.
Ao contrário dos cães, nosso tempo nunca é o agora. Ao contrário dos cães, nos projetamos no futuro. Seguimos relógios, calendários, números e planejamentos. Antevemos, combinamos. Temos amanhãs até sabe-se lá quantos anos que vem, elucubrando que da próxima vez será. Ao contrário dos cães, nos achamos donos do futuro.
Fecho os olhos e respiro fundo, em busca das moléculas de ar com cheiros daquilo que amo. De quem eu amo. O ar frio tem cheiro do sol da tarde esquentando meu corpo. Os sons são batidas de uma construção como tantas outras, de prédios tomando o horizonte de uma capital sendo verticalizada. Ouço motores de carros, agudos de freios e vozes dissipando ao fundo. Nenhum som afetivo. Abro os olhos. O céu está azul — um cão enxergaria isso e estaria descansando, sem pensar que são 15h34 de uma terça-feira, e o que mais tem na minha lista de tarefas? Pelo cheiro do ar e o abraço do som, saberia que é outono.
Cheirar o tempo não é socialmente aceito. Seguir seu ciclo circadiano também não — a não ser que você seja um cachorro. Mesmo que ninguém nos cobre oficialmente, a pressão interna pode vir cobrar a conta. Mas fazer arte está em seguir instintos, validar ciclos, priorizar rotinas. Está em não se vender por inteiro para um sistema que esmaga nossas identidades. Está em sentir tudo que nos atravessa como forma de honrar existências.
No agora mais puro: está em ser mais cachorro do que gente.
Que texto lindo, Mylle!