Oi, como você está?
O Lambrequim desta semana discute o alcance íntimo da IA e abre a temporada de “e o que você fez?”. Eis o que preparamos para a edição 140 do nosso semanário incidental:
🔥 Um apanhado de como a IA está sendo usada pela indústria do prazer;
🔥 Uma seleção de links para você ser atingido por uma explosão de capas de romances, combinar asteroides & explorar os artefatos da internet;
🔥 E uma cisma sobre sonhos, ambições e planos artísticos para 2024.
É isso! Compartilhe o Lambrequim com seus amigos e boa leitura!
NEFELIBATAS
Hi, I’m an AI Sex Machine
por
Na era dos avanços tecnológicos que vão desde jogos eletrônicos até a realidade virtual, uma questão intrigante frequentemente surge: qual a conexão dessas inovações com a sexualidade humana? E, é claro, a Inteligência Artificial (IA) também entra nesse debate.
A curiosidade sobre como essas tecnologias podem ser aplicadas ou influenciar aspectos da sexualidade humana é um ponto de discussão recorrente. À medida que essas tecnologias se desenvolvem, elas abrem caminho para novas possibilidades, expandindo os limites do que é considerado aceitável em termos de interação sexual e expressão.
Uma empresa emergente da Suécia, Pirr, que conseguiu arrecadar recentemente US$ 430 mil em investimentos iniciais, promete auxiliar na criação de textos eróticos. Segundo a empresa, ela já atraiu mais de 150 mil usuários, que dedicam, em média, 22 minutos a cada sessão de escrita.
Outra ferramenta, Bloom, oferece a possibilidade de interação com personagens de histórias em áudio, ainda que alguns usuários considerem essa interação excessivamente sofisticada.
Riley Reid
A atriz e empresária do cinema adulto, Riley Reid, apresentou o Clona.AI, um chatbot de IA desenhado para engajar em diálogos picantes com os usuários.
O serviço oferece interações com chatbots de IA baseados em figuras conhecidas do entretenimento adulto, mediante uma taxa mensal de US$30, com uma opção limitada gratuita disponível. Atualmente, conta com dois chatbots, criados com a colaboração das personalidades reais que os inspiram. Os chatbots imitam as vozes dos indivíduos reais e evitam discutir temas que os modelos originais não abordariam.
Questões Éticas Envolvidas
Estas preocupações éticas são especialmente importantes em um contexto onde IA é utilizada para gerar conteúdos perturbadores, incluindo deepfakes criados sem consentimento e material ilegal envolvendo menores, conforme reportado pela Wired.
Por outro lado, para aqueles que procuram interações digitais íntimas e fantasias personalizadas, estes chatbots oferecem uma alternativa mais acessível em comparação com alguns robôs disponíveis no mercado, que podem ter preços elevados. Essa opção é considerada menos estranha do que outros produtos, como exemplificado por um vídeo de uma cabeça animatrônica produzindo sons que podem ser desconfortáveis para alguns.
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NUM UPA!
⚡ Jogo. Vire a forma para combinar com os asteroides que chegam.
⚡ Uma exploração visual de capas de romances.
⚡ Uma classificação de referências da Wikipédia.
⚡ Explore artefatos da internet, desde o primeiro e-mail de spam até o primeiro smiley.
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CISMAS
projéteis-projeções, planos disfarçados de retas
por
Final de ano: aquela época em que reciclamos embalagens de presente, pensamos no que fizemos nos últimos meses e planejamos os próximos. O inevitável misto de retrospectiva com projeção para o futuro é tão prazeroso quanto perigoso. E quando o assunto é produção artística, essa avaliação ganha camadas ainda mais densas.
Aquilo que fizemos ou deixamos de fazer, mas que não é exatamente vital para nossa sobrevivência, colocado numa lista do que foi e do que poderia ter sido. Não sei você, mas eu tenho medo de fazer muitos planos, porque os planos confirmam que expectativas foram criadas. Mas, se é ruim ter planos, é ainda pior não tê-los. Navegar por 365 (ou 366, no caso de 2024) vivendo os dias como eles vierem não é nada satisfatório — ainda mais se você tem alguma ambição artística
Falar sobre ambições no âmbito artístico é também falar sobre essa inutilidade que nos move chamada sonho. Desejar tanto algo a ponto de investir inúmeras horas se aperfeiçoando até fazê-lo, mesmo sabendo que essa realização talvez nunca resulte em uma recompensa material, como manda o bom e velho capitalismo.
A ambição, é claro, varia de tamanho e de momento artístico. Como qualquer primeira experiência, escrever a primeira história ou publicar o primeiro livro tem um sabor especial que dificilmente se repetirá nas próximas vezes. Há os que satisfazem o sonho logo no primeiro livro; há outros que sonham cada vez mais alto. Eu pertenço ao segundo grupo.
Penso que ambicionar é evoluir um sonho. A gente continua sonhando, mas com novas proporções. É olhar o que a gente tem e avaliar como usar tudo aquilo para chegarmos a um novo lugar. Mas evoluir um sonho exige também novas habilidades, tanto emocionais quanto práticas, que o sonho primeiro não exigia.
Então, para seguir em frente com uma ambição artística, planejar seria uma boa opção, não é? Seria, não fossem outros dois fatores: o surgimento de outros sonhos e a imprevisibilidade da vida.
Quanto a imprevisibilidade, nada podemos fazer, então foquemos no surgimento de outros sonhos. Ter a mente sempre cheia de novas ideias é tão comum quanto inevitável para nós, artistas. Seria bem-vindo filtrar, colocar alguma ordem nas coisas, mas isso nem sempre ocorre, porque onde há muitas ideias e ambições, há também muitas emoções envolvidas.
Emoções. Talvez o aspecto mais complicado de lidar quando estamos sonhando, ambicionando e produzindo. Já que as emoções são tão variadas quanto as ambições, apenas projetar e executar o plano não basta: afinal, entre o plano, a expectativa e o resultado, há um caminhão de sentimentos que podem nos atravessar no processo.
Já ouvi muitas vezes artistas dando conselhos como “continue o que você está fazendo, termine que da próxima vez será melhor”. É fofo, mas é tão raso quanto ingênuo afirmar que basta continuar. É claro que se a pessoa ambiciona algo, vai continuar produzindo, tentando chegar a algum lugar, mas no discurso do “just do it” o lugar não está posto. O ato de fazer, apesar de ser essencial, torna-se vazio, um fazer por fazer.
Perceba a ironia: planejar pode criar expectativas, mas não planejar não nos leva a lugar algum. Então, qual seria a melhor forma de planejar os projetos artísticos para o ano que vem?
Seria fácil lançar aqui outro clichê como “planos são planos, você não deve se apegar a eles”, mas, né, sejamos francos: todo plano é uma forma de apego; se não fosse, não estaríamos projetando nosso futuro numa agenda 20 dias antes do ano acabar.
À medida que nossa ambição aumenta, vamos perdendo a noção do que nos trouxe até aqui. Perdendo aquele sonho-primeiro, o impulso condutor para todos os outros. Entre novos sonhos e velhos sentimentos, há sempre uma chama que permanece, intacta, pronta para nos conduzir nos dias mais sombrios.
Para além dos planos, para além de toda a ambição que possamos ter, é a essa chama que devemos nos apegar: ao sonho-primeiro que nos fez artistas.
Sei que não será fácil pra mim, e imagino que não será fácil pra você, mas desejo que possamos abraçar a nossa chama artística e mantê-la acesa com a mesma intensidade pelos próximos 366 dias. Que a imprevisibilidade não nos pare, que nossas emoções não nos limitem, e que possamos criar sem ter receio das nossas ambições.
P.S.:
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